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"Era uma vez..." como nos contos de fadas

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Testemunho de uma aluna da ESR sobre a violência no namoro

Só damos conta que nos encontramos num relacionamento abusivo quando nos apercebemos que a forma como o nosso parceiro (ou parceira) nos trata deixa de ser uma ação considerada normal, ou quando chegamos à conclusão que as suas atitudes não nos parecem corretas ou ainda quando já lidámos com situações que deixariam familiares e amigos boquiabertos. Ainda assim, falta-nos a coragem para lhes contarmos. Talvez porque achamos que não entenderiam o nosso ponto de vista ou porque queremos dar a entender às pessoas de fora que estamos num relacionamento perfeito. Até que chegamos ao ponto em que só continuamos com a pessoa porque não queremos acabar o relacionamento, mas, ao mesmo tempo, sentimos apenas vontade de nos libertarmos da constante prisão que nos rodeia.

As histórias começam sempre da mesma forma: “Era uma vez…” como nos contos de fadas. A minha começou assim também, tudo era perfeito e só tínhamos olhos um para o outro. A fase da inicial troca de mensagens, da conquista, dos sorrisos radiantes que esboçava quando os meus olhos encontravam os dele, de todas as vezes em que cantarolava pelos cantos da casa e a fase das borboletas na barriga. É a melhor parte da relação. Não acham? Não sabemos como vai acabar, só não queremos que acabe. Quando nos damos conta, as palavras, que antes eram doces e gentis, tornaram-se agressivas e frias e ficam gravadas na nossa mente quer queiramos quer não.

Há sempre sinais de alerta que se recebem ao longo de uma relação abusiva. Começa em pequenos gestos, palavras e ações. Mas, quando nos apercebemos, a situação ficou fora do nosso controlo e quase parece não haver forma de voltar atrás. Eu era apenas uma rapariga de quinze anos quando passei por esta experiência, mas há muita gente por aí que passa exatamente pelo mesmo.

Com esta pequena confissão, pretendo transmitir a todas as pessoas que estejam a sofrer do mesmo mal que não estão sozinhas. Caso estejam a viver alguma situação deste género, falem com alguém. Eu cometi o erro de ficar em silêncio, presa num “loop” que durou oito meses e foi muito difícil sair dele.

Não tenham medo de falar, de expressar opiniões e, sobretudo, não deixem de ser vocês mesmos por causa de uma relação.

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